Crepúsculo do Homem - Ensaio de uma Crítica da Pós-Modernidade (I)
Aquilo que mais se destaca na pós-modernidade é a completa ausência de objetivo para a sociedade: não existe um rumo definido nem um destino. A civilização ocidental encontra-se à deriva num oceano tempestuoso de experiências e informações, sem uma costa à vista. A incapacidade de resistir a estímulos está mais presente hoje do que alguma vez esteve; os pós-modernos são mais fragmentados, mais dispersos, mais fracos do que os seus antepassados. O que é ser pós-moderno? É ser incapaz de selecionar entre as inúmeras possibilidades que o nosso tempo oferece as poucas que criem um agir organizado e determinado. Os homens estão no mundo como espectadores, não como atores.
Os pós-modernos engolem tudo e mais alguma coisa, e quem paga a fatura é o seu sistema digestivo; isto é, tudo o que os rodeia é absorvido, e desse modo a sua atenção fica fragmentada: entram em degenerescência, dado que falta um operar no mundo. O excesso de informação presente na atualidade tem como consequência a apatia, a noção de que nada possui valor; no momento em que tudo se move à velocidade da luz, os pós-modernos não conseguem reconhecer importância em coisa alguma. Tudo está na moda e ao mesmo tempo nada está na moda: no momento em que se pretende seguir um determinado caminho, já essa rota se desloca para o antigo. A esquizofrenia é rainha e senhora nas nossas cidades, que já são apenas um conjunto desorganizado de betão e loucura.
A ausência de objetivo na civilização ocidental implica uma enorme diminuição de força psicológica, cuja repercussão é um profundo mal-estar. Perdeu-se a crença no valor do homem, isto numa época em que Deus já não está presente na nossa perceção do mundo; retirou-se o teto à existência, ao mesmo tempo em que já não se acredita no homem como arquiteto do sentido e propósito da vida. A fraqueza psicológica dos pós-modernos em suportar a pressão da existência é a causa do colapso dos horizontes, das esperanças no futuro. Qual a origem desta fraqueza?