Séneca e a política do jovem Nero
O filósofo Lúcio Aneu Séneca, a quem Agripina, a mãe de Nero, fez regressar do desterro para que ele pudesse ser o precetor do seu filho, tentou influenciar o pupilo, sem muito êxito, com uma política de corte conservadora.
Durante os primeiros oito anos do reinado de Nero, Séneca converteu-se num dos homens mais influentes da corte, partilhando diretamente a vida do palatium, junto da mãe do imperador e do prefeito do pretório, Afrânio Burro. No entanto, no ano 62, Nero revoltou-se contra a excessiva intromissão dos seus colaboradores e criou um governo no qual previa reformas revolucionárias na política e na economia do seu tempo. Começou então a progressiva desacreditação de Séneca: o seu papel de mestre de Nero foi interpretado como o de um tyrannodidaskalos (professor de um tirano), e os seus estóicos ensinamentos foram vistos como marcas de hipocrisia, já que ele era um homem que, segundo Dião Cássio, "recriminava os ricos pela sua condição e ele próprio possuía uma fortuna de trezentos milhões de sestércios".